quinta-feira, 17 de julho de 2008

Armas Ilegais

Aposto, apesar de não ter dados que o confirmem, que as armas legais matam tanta ou mais gente em Portugal do que as armas legais.

A preocupação não devia ser com o número total de armas? É que não está de todo comprovado que todos os deputados, veradores, funcionários administrativos do estado que têm direito a terem armas legais tenham um comportamento mais estável que o resto da população.

E tanto quanto eu sei, para requerer o direito de uso e porte de arma legal é necessário provar que se tem uma vida perigosa em que a arma servirá como protecção. Ou seja, é concedido o direito a andar com uma arma exactamente às pessoas mais propensas (pela sua condição profissional, por exemplo) a usá-la.

Não podendo consubstanciar com dados, aqui vão exemplos:

Uma amiga minha foi morta por uma arma legal, de caça.
Em Portimão, junto ao JJ25 um segurança matou um cigano com uma arma legal há uns anos.
Os rapazes mais violentos, limitados, fanfarrões, rufiões (ou bullies) não conseguiram acabar o 9º ano e foram para a tropa. Passados meses partilhavam do "monopólio de violência" e tinham um cartãozinho que lhes permitia andarem a exibir Marakovs e Glocks às miúdas do bairro. Legalmente.

Por fim, ao que me parece, foi exactamente o facto de ambos os lados do conflito terem armas ilegais (e não um só) que impediu derramamento de sangue.

Sem ter muito que ver com o assunto, mas alguém sabe um sinónimo de "construe" em português (o significado é "dar uma interpretação")? É que foi essa a expressão usada por Kissinger e Ford no dia em que se encontraram com Suharto para tornar legal a utilização de armas americanas no extermínio e opressão de milhões de timorenses e outros opositores do regime. No dia seguinte começou o massacre. Com armas legais.

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