segunda-feira, 30 de junho de 2008

Vai Speed Racer, Vai!

Boa! Uma memória de infância transformada em em ícone anti-capitalista. Desde o Happy Feet e do Bambi que não se via nada tão subversivo do cinema infantil americano. Um bom contraponto ao evangélico Crónicas de Nárnia.

"People like you have way too much money. They start thinkin' that the rules everybody else plays by don't mean squat to them."

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Israel prepara-se para atacar Irão unilateralmente

... com um ensaio militar de enormes proporções.

De notar que já fizeram ataques unilaterais bem sucedidos a instalações de países vizinhos por duas vezes, a última das quais, um ataque relâmpago à Síria, foi aplaudido posteriormente por Washington.

“If Iran continues with its program for developing nuclear weapons, we will attack,”

Shaul Mofaz, Deputy Prime Minister


Mike McConell the director of national intelligence, said in February that Iran was close to acquiring Russian-produced SA-20 surface-to-air missiles. American military officials said that the deployment of such systems would hamper Israel’s attack planning, putting pressure on Israel to act before the missiles are fielded.

Não consegue aceder ao link? Veja aqui a Palavra-passe para o NY Times.

Guedes

Luís José de Mello e Castro Guedes
Vasco Valente Correia Guedes


Alguém os conhece? O primeiro não gosta da Arrábida nem de sobreiros, mas adora buldózeres e dinheiro. O segundo não gosta de nada. Não sou o único a escrever sob um pseudónimo falso, reminiscente de um antepassado famoso.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Campos, Fábricas e Oficinas

Um dos principais textos fundadores do anarquismo (ou esquerda libertária), como lhe quisermos chamar.



O ênfase de Campos, Fábricas e Oficinas, escrito por Pedro Kropotkin em 1911 é na organização de um modelo de produção libertário, e de esquerda, com ênfase na auto-suficiência e produção local, eliminando a necessidade de um Estado, ou governo central, importações e exportações. Posiciona-se na oposição aos modelos pensados por Trotsky, Lenine e Estaline, que defendiam produções centralizada.

Analise-se face ao que nos diz o atarantado (ou propositadamente revisionista) Henrique Raposo:

"Existe um conjunto disperso de pessoas que se juntou ao BE devido às causas - óptimas, aliás, - da “esquerda libertária”: direitos das minorias, ambiente, etc. As causas do pós-materialismo. O problema é que este BE libertário está a ser suplantado por um BE comunista hard core, assente num populismo reaccionario idêntico ao PCP. Há dias vi pessoas ligadas ao BE a defender as hortas no centro da cidade? Que coisa tão salazarenta! A hortazinha “natural”, “portuguesa” contra os produtos de fora e industriais.

Pois. Salazarento. Não sabe o pobre Henrique que o bairrismo é oposto ao patriotismo, e muitas vezes, aliado do cosmopolitanismo. Veja-se o caso da horta popular gerida pelas miúdas do GAIA em colaboração com os habitantes da Mouraria. Bairrista. Cosmopolitanista. Libertária.


[clique na imagem]

(no Diário de Notícias)

This ain't 1864, Bush Ain't Lincoln, We Ain't Winnin'

Henrique Raposo, como sempre, a descobrir a pólvora uns anos depois do resto do mundo *.



*Fantástico como HR consegue confundir tudo, atribuindo a John Yoo a louca teoria de Victor Davis Hanson, proposta por este historiador oficial da doutrina neocon e continuamente defendida desde há quase 5 anos.

Ps.: Falando em crédito, aquele que que HR não dá a VDH , e também daquele que não dá a Gary Brecher por copiar o título e a ideia geral do artigo (apesar de com um atraso de quase um ano), apercebo-me cada vez mais que a blogosfera dá ao próprio Raposo mais crédito intelectual do que ele merecerá.

Relato de uma celebração religiosa católica

Os Peitos da Cabritinha consagram-se finalmente
como a nova
Garagem da Vizinha.

terça-feira, 17 de junho de 2008

3 curtas sobre omissões

1) Os pseudo-liberais portugas não se insurgem contra a transferência social inversa que é o estado estar a gastar impostos para dar aos ricos uma protecção extra sobre os seus luxos? É que pagar e equipar Brigadas de Trânsito, GOE, Serviço de Segurança Pessoal e Corpo de Intervenção para protegerem Mercedes, Audis e BMW's sai caro aos contribuintes. A mim parece-me despesismo e intervencionismo estatal a mais.

2) Os blasfemos pseudo-liberais anti-bicicleta não reformulam a sua opinião ao verificar quanto é que o estado pode emagrecer e se tornar mais "mínimo", em especial em questões da saúde, ao facilitar a utilização das pedaleiras?

3) Estarão os pseudo-liberais da moral e bons costumes em pânico ao aperceberem-se que , enquanto ultramontanos homofóbicos, pertencem não só a um, mas a dois grupos de risco de contracção da SIDA!!! É que, ao que parece, se há quem goste de práticas homossexuais perigosas, e então de drogas como branca e meta nem se fala, são os tipos conservadores religiosos como Ted Haggard, Mark Foley, Larry Craig , Bob Allen, Glenn Murphy Jr. .

Aqui estão 3 questões que pensaria serem preocupações naturais dos conservadores liberais da blogosfera portuguesa, com potencial para levá-los a escrever torrentes de artigos. Pelos vistos enganei-me.

E eles a darem-lhe e o burro a fugir!

Os media continuam empenhados na sua campanha para que os automobilistas ataquem , a soco e pontapé, assaltantes armados.

[clique na imagem- Jornal Metro de hoje]

Ainda por cima tão armados e tão perigoso que a bófia teve que chamar os góis , o corpo de intervenção e o corpo de segurança pessoal, e ter, em regime de excepção, autorização para disparar e abalroar o assaltante para fora da estrada. (Afinal, que importância tem a segurança das pessoas que vão no passeio e na estrada quando comparada com a glória de uma bela perseguição seguida de troca de tiros na via pública, captura dos larápios e recuperação do Mercedes do sôr engenheiro.)

A ver se eu entendo: os mesmos automobilistas que, coitados, não têm cabedal para fazer frente às temíveis subidas e descidas de Lisboa e do Porto, nem sequer a pé*, haveriam de se transformar em autênticos Bruce Lees e desviar-se das balas enquanto dominavam com os punhos os gatunos.

Chantilly

António Costa e Rui Rio. É já clara a escolha dos títeres para a gestão da nação.

You are here by programme.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Desilusão (II)

Teria eu 7 ou 8 anos, e no Dia da Criança levaram-nos aos alunos da escola primária do Bairro Pontal a celebrá-lo com umas actividades no segundo andar do, na altura novo, centro comercial Prisunic (hoje Continente).
Numa das actividades, a animadora chamou uma das crianças ao palco, onde estava um teatrinho de fantoches, com as figurinhas do famoso desafio do Barqueiro, o Lobo, a Cabra, e a Couve. O miúdo ouviu as regras: o barqueiro tem que fazer todos atravessarem o rio, podendo levar consigo apenas um passageiro, mas não pode deixar o Lobo sozinho com a Cabra, nem a Cabra com a Couve, senão eles devoram-se.
Não obstante ter prestado pouca atenção, foi desembaraçado e nem precisou de olhar duas vezes para o quadro para dar a resposta óbvia, bem alto, ao microfone:


'tão ... é dar-lhes perrada!

Todos se riram até a monitora explicar que era um problema complexo, que devíamos tentar resolvê-lo com inteligência. Apercebo-me agora que é surpreendente ninguém lhe ter respondido "então mas está do lado do Lobo?"

sábado, 14 de junho de 2008

Hup Holland!

Neerlandofilia total. A final europeia para aqueles que protagonizaram o mais belo e épico jogo de bola de sempre.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Nestes dias

... tenho-me perguntado se vão ser punidos os responsáveis políticos pelo abandono na ferrovia como sistema logístico prioritário, pelo desmantelamento do sistema de autocarros eléctricos em Lisboa, pela destruição de passeios urbanos em todo o país para alargamento das estradas, pela promoção da autoestrada e da rodovia para enriquecimento da Mota Engil, Lusoponte, Galp, etc ...


Também me tenho perguntado se a ponte rodoviária Chelas-Barreiro, a 3ª autoestrada paralela entre Aveiro e o Porto e outros projectos do género virados para o futuro sempre são para ir em frente.

Desilusão

[...] já dei por mim a pensar na falta que às vezes faz um pouco de brutalidade policial.

Por estas e por outras é que quando oiço falar de social-fascismo, destranco a minha Browning.

Porquê? Porque por estes dias, relativamente ao bloqueio das autoestradas, pelos lados do blogue 5 dias, os bem-comportados Luíses, o Aristocrata (social-democrata) e o Agrícola (social-liberal) exigem o mesmo: violência.

Para mal dos pecados da Helena Matos

A cidade das sete colinas rende-se ao politicamente correcto e implementa um sistema de partilha de bicicletas.


Chama-se Roma 'N' Bike e é inspirado no sucesso parisiense das centenas de milhar de Vélib's de uso público. De notar que as pedaleiras parisienses e de barcelona são fabricadas em Portugal. Será que as de Roma também vão ser?

Noto também uma tendência na forma dos avanços na qualidade de vida se propagarem pela Europa. Começam pelas Escandinávias, Benelux, Suíça e Áustria, depois chegam aos grandes da Europa (Alemanha, França, Reino Unido), depois chegam à Europa latina (Itália e Espanha) e depois ... faço figas para que algum dia chegue a Portugal. Queira a santa mão invisível e o preço do petróleo, já que o Manéle gosta é de fumaceira e barulho!

Puxar-lhes pela língua

Nada como fazê-lo para aprender umas coisas.

A culpa morre solteira?

Um agente do Corpo de Intervenção da PSP poderá ser suspenso por ordem da IGAI, por supostamente ter usado violência excessiva contra manifestantes, no dia 25 de Abril do ano passado. O Ministério Público ilibou-o do mesmo caso.
[...] Para o DIAP o elemento do CI agiu dentro da lei, mas para a IGAI, que reconhece a intocável folha de serviço do agente, actuou com "prejuízo para os cidadãos atingidos", ou seja os manifestantes. O advogado do agente deverá recorrer.

Lembremo-nos:
[...] quando se fala sobre o mandato/legitimidade democráticos das forças ditas de segurança para deterem o monopólio de violência, está-se a falar da IGAI e da sua autoridade em regulá-las.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Almareado

Uma reflecção, um comentário a uma notícia e um testemunho. E uma ligação a um blogue que descobri hoje.

Frequentemente oiço de colegas lisboetas "Aljezur, Odeceixe? Ria Formosa? Para mim isso não é Algarve. Para mim Algarve é Quarteira, Albufeira, Praia da Rocha e Armação de Pêra!". Dá-me vontade de lhes dizer que para mim Lisboa não é Santa Luzia nem São Vicente de Fora. É isto, isto e isto.

Nas notícias leio que os moradores da Avenida do Brasil exigem que os deixem estacionar no passeio à vontade e ameaçam cortar a estrada. Em primeiro lugar reparo no desvio da linguagem: quem acredite na notícia pode nem se aperceber que não são os moradores que estão em luta. São os donos e utilizadores de automóveis que pretendem lá estacionar! E desde quando comprar um carro deve dar automaticamente direito legal e gratuito à ocupação e danificação de uma área de 6 metros quadrados do espaço público, com direito a protecção da polícia?

Já ontem, no arraial dos santos da minha zona 2 gorilas da psp, daqueles que andam a passear à noite e se vestem como militares das operações especiais, assistiam inertes ao estacionamento de carros e mais carros em cima de passeios já meio destruídos. Inertes, mas se eu sacasse do canivete para fazer usar a pintura como tela, estou certo que seriam lestos a actuar. É o que vale para o estado a propriedade pública e a privada.

Retratos da globalização e do comércio livre

Le Portugal le Portugal la joie au "le portugal". Olha tu és português, falas português, olha para mim. Foi a polícia, foram os polícias portugueses que deram este papel. Eu compro coisas, pulseiras barato, 20 cêntimos, 30 cêntimos e depois vendo às pessoas, aos turistas. Eles bateram-me na cara, olha aqui, disseram que eu tenho que pagar uma multa roubaram tudo o que eu tinha para vender, deram-me este papel. Disseram que tenho que ir embora. Não lamentes, não foste tu que me bateste, eu só queria falar...

Companhia

Hoje não estava sozinho. Pela primeira vez em muitos meses, um companheiro ao meu lado. Não lhe dirigi o sorriso que me provocou mas se calhar devia tê-lo feito.

Haverá algo a funcionar menos bem?

É comum ouvir-se do discurso yuppie "eu adoro aquilo que faço"!

Porque é que os empregos que dão prazer são tão bem remunerados e os "empregos que ninguém quer" são tão mal pagos? Isto não significa há qualquer coisa na lei do mercado a funcionar mal?

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Relato de um encontro de esquerdas reformistas

O teatro da trindade estava cheio, nem me deixaram entrar. Mandaram-me para o espaço Chiado, onde havia um ecrã gigante a transmitir tudo. Impressionante a quantidade de cabelos brancos na plateia, Helena Roseta de trombas e a não dançar inclusivé. A pita-tonta da Sic Notícias tentava entrevistar jovens sobre "qual é o problema da esquerda?" para o directo da praxe. O lugar era extremamente luxuoso e estava cheio também. A voz da Xana ouvia-se bem. Demasiado bem, cada gritinho desafinado, cada plágio descarado das linhas de The Cure. Especialmente bem porque o resto da banda não se ouvia, o que terá feito com que aquela espera para guardar o lugar para ouvir o Manuel Alegre a dizer o que está sempre a dizer se tornasse uma torturante penitência.

Com falta de paciência para resistir, fui-me embora comer uma sande. Na TV a senhora jornalista continuava a atropelar espectadores para chegar às figuras importantes da plateia e conseguir uma reacção sobre "o que é que acha sobre a direcção do partido não ter aprovado isto" , etc.

Depois veio uma entrevista com Miguel Urbano Rodrigues que fez valer a minha noite, ao ver a boca aberta da jornalista enquanto este octogenário com espinha a chocava repetidamente. O arquivo on-line da Sic Notícias é uma merda, por isso será difícil encontrá-la, mas garanto que valeria a pena vê-la. Interessante de verificar como o Poeta Alegre faz sempre aquele ar de extremamente indignado, de homem sério com séria prisão de ventre, enquanto enche a boca com o socialismo pouco depois de aprovar "privatizações encapotadas" junto ao seu partido, e como isto contrasta com o ar bonacheirão e bem disposto de Urbano Rodrigues, que dedicou a sua vida à luta pelo ideal, e no combate constante contra o sistema em que o Poeta alegremente participa e ajuda a construir (não obstante fazê-lo com ar de enfado).


Acerca do "encontro de esquerdas", de um potencial partido, da panaceia para deixar tudo mais ou menos como dantes, penso devia ter dado mais importância ao que disse Raoul Vaneigem, "a Esperança é a trela da submissão".

Ps.: A entrevista pode ser encontrada aqui. Graças ao Diogo, que a gravou e colocou na rede.

Sacos de Plástico II

Já aqui tinha dado conta da estranha política de promoção do saco plástico da Sonae. Lembremo-nos que a cadeia de hipermercados de Belmiro de Azevedo, que em tanta campanha de greenwashing marketing investe, não só não faz o mínimo por uma eficaz redução da utilização de sacos descartáveis (ao contrário do MiniPreço, Lidl, Pingo Doce), como há meses boicotou e anulou activamente uma medida governamental que, na linha do que foi feito em muitos países da UE, seria eficaz para resolver o problema.

Surge agora nos sacos impingidos aos clientes nas lojas Modelo e Continente, em letras garrafais a designação DEGRADÁVEL, enquadrada em simbologia ecologista. Sacos plásticos degradáveis?

Os milhões de toneladas de sacos que a cadeia vai continuar a usar são de Polietileno de Alta Densidade (também está escrito nos sacos, mas em letras que é preciso ver à lupa), um polímero derivado de petróleo, semelhante ao dos outros sacos, ao qual é acrescentado um aditivo, chamado d2w (patenteado e produzido em exclusividade por uma empresa britânica), que permite que o saco se desfaça em ambiente oxigenado por um mecanismo cuja descrição se pode encontrar aqui. Da "degradação" resultam, entre fragmentos de polietileno e dióxido de carbono, alguns metais pesados, Níquel em particular, que se entranhará nos solos.

E assim se pauta a responsabilidade ambiental empresarial. Entrava-se uma medida que eliminaria de facto o verdadeiro problema (a produção e utilização de plástico descartável) para se fazer uma campanha acerca de uma "solução" que muda muito pouco, aumentando até os custos ambientais associados à produção e transporte.

Ps.: Se algum químico ler isto, gostava que me explicasse se a adição deste catalisador não irá dar ao mesmo que queimar os sacos, já que consome oxigénio e liberta CO2.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Jornalismo de Causas II - Violência Pessoal

Continua a preocupante promoção pela parte dos media aos cursos de violência pessoal*, com a desculpa do fenómeno artificialmente empolado dos assaltos a carros (ou como se diz em americano,carjacking).

Ainda estou para perceber porque é que este flagelo, que afectou 1 em cada 10 000 portugueses donos de BMW's, Audi's e Mercedes directamente em 2007, tem que afectar 1 em cada 1 português todos os dias através da insistência dos media.

Também gostava de saber onde é que está o passo lógico que permite deduzir que um curso de combate corpo a corpo pode aumentar a segurança de um automobilista quando, num estacionamento ou num semáforo, um ou dois assaltantes munidos com armas de fogo* lhe pedem as chaves do carro.


*a expressão não é minha, é do próprio Vitor Pedrosa Gomes, presidente da Associação de Defesa Pessoal de Portugal

*ao que parece, é o que acontece em 80% dos casos.