quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cidades portuguesas cicláveis?

A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) apresentou terça-feira dia 18 de Março, na Câmara Municipal de Lisboa (CML) uma proposta para a elaboração duma carta ciclável na cidade.

Ao mesmo tempo, a estratégia apresentada tem em conta as dificuldades financeiras que a CML atravessa, propondo medidas de fácil execução e sem grandes custos – como é a implementação de sinalização vertical e horizontal – em vez de grandes obras e investimentos, por exemplo, na construção de vias próprias para bicicletas.


Apraz-me muito saber desta notícia. E fiquei surpreendido pela positiva pelo facto de se tratar de uma proposta moderada, que tem em conta as mentalidades com que se tem que trabalhar, o urbanismo já existente, e a tipicamente lusa resistência à mudança.

Sim, há conceitos mais avançados de mobilidade urbana, como o espaço partilhado, por exemplo, mas estamos a anos luz de podermos sonhar com eles. Por agora, importante é preparar as cidades para que se permita que a vaga europeia da cultura da bicicleta como meio de transporte, a "moda da bicicleta", vingue. É um bom primeiro passo para que, daqui a 20 anos, talvez, Lisboa esteja ao nível de qualidade de mobilidade actual de cidades como Bruxelas ou Barcelona. O que já não seria nada mau, tendo em conta como estamos hoje.

Por fim, deixo uma sugestão a todos os ciclófilos activistas: invista-se no lobbying mais forte nas cidades algarvias. Para a época balnear, quando o tempo está bom e as filas de trânsito são insuportáveis, uma aposta resoluta em vias seguras para as bicicletas, e, porque não, num sistema de bicicletas públicas, teria todas as hipóteses de conquistar os corações de turistas e locais. E assim me repito: para o triunfo da bicicleta em Portugal é importantíssimo combater o estigma cultural de que sofre um veículo que até há alguns anos não era considerado decente para senhoras, e que ainda hoje simboliza miséria. Começar por onde é mais simples fazê-lo, em cidades planas e solarengas, será decerto uma boa opção.

Ps.: Outra coisa que ajudava era que, no país que é um dos maiores fabricantes de bicicletas da Europa*, se vissem à venda modelos citadinos, e não exclusivamente BTT's.
*(as famosas dezenas de milhar de bicicletas de uso público que estão a revolucionar Barcelona e Paris são fabricadas em Portugal, assim como a marca B'Twin da Decathlon).

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