quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Publicidade I

Há 3 semanas tive a oportunidade de perguntar a uma magistrada qual era a pena prevista para quem pinche uma parede*. Recusou-se a responder-me: "Não vou ensinar-lhe a poluir visualmente o espaço público.", retorquiu. Nem eu precisava que me ensinasse - sei muito bem que se, por exemplo, me der na telha espetar numa praça pública um relógio gigante feito de lantejoulas, com 14 000 Watts de potência luminosa destinadas a atrair o olhar dos transeuntes a qualquer custo, bastar-me-á contactar a JCDecaux para fazê-lo por mim e ainda serei louvado.
Fica assim introduzido o assunto deste artigo: o motivo para esta poluição visual - a actividade profissional que tem como objectivo estabelecer no público poderosas ligações emocionais entre o consumo e a sua felicidade (e da mesma forma, semear nele uma voraz insatisfação).

Descanse o leitor, sei que é imune a estes ardis. Sei bem que as suas dendrites perspicazes filtram singularmente a manipulação, retendo apenas a informação relevante. E é por haver tantos como o caro leitor, é devido a esta manifesta ineficácia da publicidade, que o investimento mundial neste negócio se limita a uns míseros 500 000 000 000 $ anuais.
Se tiver filhos, talvez não esteja tão certo da sua capacidades de resistência. Mas há boas notícias: pode usar esta susceptibilidade em seu favor! Parece que é até possível pôr os fedelhos a lamber os beiços com couves-de-bruxelas - basta embrulhá-las em embalagens Mcdonalds.

[clique na imagem - com uma vénia ao xatoo e aos Ska-P : "did anybody say Mcdonalds?"]

*justiça seja feita, a senhora magistrada teve no entanto a gentileza de me esclarecer que o castigo legal para a referida transgressão não é, como a observação empírica me tinha feito suspeitar, a fractura do antebraço a golpes de cacetete, executada sumariamente no local.

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