segunda-feira, 9 de junho de 2008

Almareado

Uma reflecção, um comentário a uma notícia e um testemunho. E uma ligação a um blogue que descobri hoje.

Frequentemente oiço de colegas lisboetas "Aljezur, Odeceixe? Ria Formosa? Para mim isso não é Algarve. Para mim Algarve é Quarteira, Albufeira, Praia da Rocha e Armação de Pêra!". Dá-me vontade de lhes dizer que para mim Lisboa não é Santa Luzia nem São Vicente de Fora. É isto, isto e isto.

Nas notícias leio que os moradores da Avenida do Brasil exigem que os deixem estacionar no passeio à vontade e ameaçam cortar a estrada. Em primeiro lugar reparo no desvio da linguagem: quem acredite na notícia pode nem se aperceber que não são os moradores que estão em luta. São os donos e utilizadores de automóveis que pretendem lá estacionar! E desde quando comprar um carro deve dar automaticamente direito legal e gratuito à ocupação e danificação de uma área de 6 metros quadrados do espaço público, com direito a protecção da polícia?

Já ontem, no arraial dos santos da minha zona 2 gorilas da psp, daqueles que andam a passear à noite e se vestem como militares das operações especiais, assistiam inertes ao estacionamento de carros e mais carros em cima de passeios já meio destruídos. Inertes, mas se eu sacasse do canivete para fazer usar a pintura como tela, estou certo que seriam lestos a actuar. É o que vale para o estado a propriedade pública e a privada.

9 comentários:

Anónimo disse...

Eu acho que os moradores (ok, no texto fala-se apenas dos detentores de carros, mas não sei se, havendo um "referendo", o Sim à proposta não venceria..) da Avenida do Brasil devem mandar no bairro onde vivem.

PS: Não se esqueça do Ameixial e São Brás! Também são Algarve!!

Rita disse...

Odeceixe tem a PRAIA MAIS LINDA DO MUNDO. Mas é favor não divulgar, para ela se manter assim, ok?

Anónimo disse...

Filipe Abrantes: concordo.
Mas sem a protecção da polícia.

E convenhamos que seria importante definir "a área onde vivem". Quem compra um apartamento de 30 m^2 num segundo andar pode dizer que "vive" ou que "é sua" a área de 6m^2 do passeio onde estaciona o carro? ou mesmo participar legitimamente na decisão do que fazer com esse espaço? é que se se define o espaço como comunitário então há que definir quem é a comunidade.
Resolvido isto, penso que os bairros geridos pelos moradores em assembleias poderiam dar bons resultados:

[...] olha a rua onde eu morava:

http://www.geentreindoordestad.nl/web/Achtergrond/Foto/BreestraatFietsers.jpg

carros? só num sentido, e só fora das horas de ponta. bom? mas não o suficiente. houve um referendo e a comunidade decidiu que agora vai ser assim:

http://leiden.sp.nl/weblog/files/2006/01/RGL.jpg [...]


http://menos1carro.blogs.sapo.pt/88597.html






acerca do ameixial e são brás, infelizmente esqueço-me muito do sotavento. os transportes do barlavento para lá demoram 2 horas :(

Wyrm disse...

Bem, quando nos toca guinchamos.
Eu quando tinha carro também achei uma merda que em S. Bento, onde morava, os lugares tenham sido limitados e mesmo com o cartão, muitas vezes tive de gastar fortunas em parcómetros só para poder ir dormir descansado.
Prém desde que peguei na mala de cartão para a Holanda, pensava sempre trazer o carrito para cá.
Pois bem, já o vendi. Nas raras vezes que preciso de um autómovel alugo-o. De resto, o comboio é tão bom. Para o ambiente e para a minha carteira.
Moral da história: os senhores da Av. do Brasil que vão pentear macacos.

Anónimo disse...

Moral da história:

Um habitante de São Bento diz aos habitantes da Av. Brasil para irem pentear macacos.

Anónimo disse...

Filipe Abrantes, se me queres convencer dos males da democracia representativa estás a pregar para convertidos :)

Anónimo disse...

Li o post sobre faro/portimão/automóveis/ucranianos/etc, e concordo muito. Por essas e por outras eu e um amigo nos fartamos de enviar cartas aos eleitos pelo distrito de Faro, para que metam a regionalização na agenda. Não percebo como uma região com tanta riqueza vive ainda nesta miséria.

O estádio Algarve, andam os farenses a paga-lo, e sabe-se com que dificuldades. Foi talvez das decisões mais aberrantes e injustas que me lembro terem sido tomadas por motivos políticos. Em Faro, penso que nem 10% da população concordou/a em ter-se feito o estádio. O São Luis, além de mítico, ficava mais barato de se renovar, era acolhedor e ficava PERTO DAS PESSOAS. Se o Farense voltar à primeira liga, estou certo que nem 1000 pessoas terá como média de assistências. A maioria dos que iam ver os jogos eram, ou jovens, ou reformados.
Mais uma obra desta democracia de merda.

Sobre os ucranianos, tem toda a razão. Mas também não me admira, os portugueses no estrangeiro também são bem mais humildes (embora muitos façam questão de, na primeira ocasião, comprarem o seu Audi ou BMW a prestações) e trabalhadores do que por cá.

Anónimo disse...

Solução para o Estádio do Algarve:

bombardeiem-no!

Anónimo disse...

O seu a seu dono:

O único deputado que alguma vez respondeu às cartas foi Mendes Bota.