terça-feira, 20 de maio de 2008

Piratarias


Daqui a uns anos os meus filhos vão andar com leitores portáteis de música e vídeo com milhares de canções e filmes. Vão ligar os aparelhos aos dos amigos e partilhar ficheiros como nós trocávamos cromos ou emprestávamos lápis. Nunca os adolescentes verão isso como um acto criminoso. Mas vão chamar-lhes ladrões e dizer por todo o lado que é crime. Para proteger um negócio obsoleto ensinam a uma geração que a lei é arbitrária, sem sentido e não merece respeito.

Toda a gente que tenha legalmente comprado um DVD já deve ter reparado que é forçada a ver um vídeo arrogantemente paternalista que ensina que partilhar o seu conteúdo é equivalente a espancar uma velhinha para lhe roubar a mala. Quando digo é forçada, não estou a exagerar: os DVD's têm um sistema de bloqueio que impossibilita passar esse vídeo para a frente, e ... adivinhem ... é crime modificá-los para o possibilitar.



A nojenta campanha anti-partilha teve felizmente uma resposta à altura da parte dos Verdes Europeus. Esta espécie de partido social democrata não tem no entanto acesso aos métodos monopolistas totalitários que as corporações do livre comércio têm para fazer chegar a sua mensagem ao público.



No admirável mundo a ditadura totalitária ("partilhar é mau, comprar é bom") é imposta pelo livre mercado corporativo. E a execução das suas ordens e desejos fica a cargo do Estado, o melhor amigo do capitalismo.

14 comentários:

Wyrm disse...

patético...

deixa lá as multinacionais em paz e pensa lá no que acontece ás pequenas editoras nos dias de hoje?

até te posso apresentar alguns desses "temíveis capitalistas" a quem a partilha de ficheiros prejudica.

só mesmo um asno é que pode ter uma opinião destas. será que é o ódio propriedade privada? ou á propriedade privada dos outros?

luta contra o capital pah, mas não tentes justificar um roubo de propriedade privada com altas teorias.

eu compro toda a musica que oiço. e faço-o porque visto não ouvir música comercial de merda, nào estou a pagar por investimentos promocionais de milhões e milhões de euros. aliás, muitas vezes compro directamente ao produtor.

mas, realmente, se eu gostasse de 50cent e afins estaria muito revoltado contra as editoras....

Anónimo disse...

Obrigado pelo teu comentário maduro e lúcido. Quanto às pequenas editoras independentes, estão a ter cada vez mais sucesso. Para trás ficam os tempos em que eram predadas pelas multinacionais.

Se estás curioso sobre a música que oiço, sugiro-te espreitares as entradas musicais aqui do nadir.

Abraço e vai aparecendo :)

Tárique disse...

eu compro toda a música que oiço

Se me permites, wyrm, ou estás a escrever uma grande mentira, ou não és de certeza grande apreciador de música.

Tárique disse...

A "pirataria" tem dado grandes prejuízos às quatro majors que têm 80% do volume de negócio da música no mundo (incluindo,claro, o teu amigo 50 cent).

As editoras independentes, pela sua proximidade ao artista e ao público, bem como a sua flexibilidade, têm aumentado em número e em lucros.

Precisas de provas? Começa por ler esta notícia:

Piracy Boosts Small Labels

Small Labels Thrive

e também este
documento.

Wyrm disse...

Até onde vai a demagogia para justificar um roubo. Brilhante.

Explica lá como as grandes multinacionais predam as pequenas editoras? Por exemplo, de que forma a Sony Music predava uma Deathlike Silence e agora não preda mais... Ridículo. Pensava que boutades dessas eram só nos anos 70

O problema é que se sacas musica da net estás a consumir algo pelo qual não pagaste qualquer valor. E não vale a pena vir falar do custo do cd, ou de como só uma infinitésima parte desse custo reverte para o artista. É um roubo e pronto. Legitimar isso legitima qualquer tipo de roubo, porque em todos os casos há atenuantes.

E depois misturam os conceitos... Partilha sim. Eu partilho quando vem um amigo a minha casa e ouve musica comigo. Eu partilho quando lhe empresto o album para ele poder ouvir em casa. E quando ele compra o album, fico contente por ter gostado tanto como eu. Isso é partilha. Ripar um album e por na net não é partilhar, é roubar.

De resto, se páras em Corroios terei muito gosto em apresentar-te um ou dois representantes de pequenas editoras que te poderão explicar melhor os motivos pelos quais estás apenas a dizer disparates. E até te pago uma bejeca como o meu salário de "escravo do sistema capitalista" que é o que gente como tu chama a quem ousa discordar.

Para finalizar, estás muito educado. Será que é por ser aqui no teu blog? É que nos blogs dos outros costumas ser mais rufião.

Wyrm disse...

Aprecio a música que aprecio.
Se queres números, posso dizer-te que tenho um pouco mais de 1000 cd's.
Não são de todo toda a musica que gosto, mas como o dinheiro não chega para tudo são os que posso ter.

Agora torno a repetir-te. Eu sou um dos "tótós" que não rouba música da net apenas porque o risco é baixo e o retorno alto.


E para concluir cá vai uma citação do teu artigo:

"We're growing, probably not as strong as if 9/11 hadn't happened and if downloading and stealing music hadn't happened, but on the positive side, major labels are not any better equipped to deal with this than smaller labels, Samuels said."

Anónimo disse...

como o meu salário de "escravo do sistema capitalista" que é o que gente como tu chama a quem ousa discordar.

A mim chamaste-me asno, demagógico, ladrão, rufião, etc. ... por discordar de ti.

Mas explica-me lá: pessoas que diziam o mesmo que tu asservavam que a troca de cassetes ia matar a música nos anos 80. Isso significa que neste momento a música está morta e então não a podemos matar de novo, certo?

Ripar um album e por na net não é partilhar, é roubar.

Roubar é subtrair algo a alguém. Ao ripar um album e pôr na net não se subtrai. Multiplica-se.


Já agora "pessoas como eu" podem queixar-se e discordar de "pessoas como tu" mas são "pessoas como tu" que mandam encapuçados da ASAE de metralhadora às casas de "pessoas como eu" para as obrigar a cumprir aquilo que "pessoas como tu" acham que deve ser a lei.

Experimenta googlar "small labels piracy". e vais ver muitos links sobre a realidade do efeito da pirataria (que é contrária ao que defendes).

quanto ao teu convite para ir a corroios:

Por acaso em corroios tocou este sábado uma banda porreira. Encheram o cine-teatro com centenas de pessoas para os ouvirem a interpretar albuns como

Enemy of the music business

Dessas centenas, talvez milhares, de pessoas que compraram t-shirts, bilhetes, etc., não havia uma única que não tivesse pelo menos uma música "roubada" da banda. Ou seja, segundo "pessoas como tu" eram todos funestos ladrões.

Anónimo disse...

"We're growing, probably not as strong as if 9/11 hadn't happened and if downloading and stealing music hadn't happened, but on the positive side, major labels are not any better equipped to deal with this than smaller labels, Samuels said."

"We're groing" é a única frase factual. O resto é especulação. Ou seja:

- a pirataria tem vindo a aumentar cada vez mais desde os anos 80
- as pequenas labels têm vindo a crescer
- as major têm vindo a perder peso
- cada vez mais fácil é para qualquer pessoa, independentemente da riqueza ou estrato social, ouvir a música que quiser.
- cada vez é mais fácil para qualquer pessoa, independentemente da riqueza ou estrato social, compôr música e dá-la a conhecer e partilhar a todo o mundo.

ergo: viva a "pirataria"! (que quase toda a gente pratica, sem o mínimo de problemas morais nem desrespeito pelos artistas)

Anónimo disse...

eu compro toda a musica que oiço.

tenho um pouco mais de 1000 cd's.

Ou és muito novo ou ouves pouca música... e mesmo assim, contas por alto, gastaste 15 000 euros em cds.


Então permite-me dizer-te o que faria eu no teu lugar:

se tivesse 15 000 euros para gastar em música, preferiria sacar da net os tais 1000 albuns (ou 2000 ou 3000), ouvi-los e depois oferecer 1500 euros a cada um dos 10 artistas que gostasse mais, ou que achasse que tinham mais futuro.

Que tal?


Para finalizar, estás muito educado.

Obrigado :) Gosto muito de visitas, mesmo das que entram "a matar".

Anónimo disse...

Eu partilho quando vem um amigo a minha casa e ouve musica comigo.

Apercebes-te de que, segundo as leis actuais, se cantarolares a música para um grupo de amigos teus ouvirem, ou se convidares um grupo de amigos para a tua casa e puseres um DVD a passar estás a cometer crimes de infracção de copyright?

Wyrm disse...

Mas o album que tu acabaste de "multiplicar" teve custos de produção e se alguem investiu dinheiro para a sua produção e edição é justo que tenha o seu retorno.
Isso é válido para todos os agentes do mundo da música independentemente da sua dimensão.

Tu ao "multiplicares" os albuns estás de facto a impedir que estes sejam adquiridos pela via legal.
De resto existem leis de propriedade intelectual em que toda a patente tem um prazo, logo, os teus filhos e os filhos deles poderão usufruir de toda a musica que se faz hoje de forma gratuita.

O que se passa é que tu e outros meninos (milhões de meninos) querem o "telemobel já" isto é querem gastar o dinheiro em coisas mais importantes porque afinal "o album tá na net não vale a pena comprar."
E é isso que conta.

Como te disse, eu oiço muita música e eu repito a frase que te esqueceste de incluir na citação:
"Não são de todo toda a musica que gosto, mas como o dinheiro não chega para tudo são os que posso ter."

Eu, como não sou um vulgar gatuno, não vou usufruir de musica sem pagar o valor que aqueles que disponibilizaram a mesma acham ser justo. Se eu não achar o preço justo, não compro e pronto.

Não há aqui ambiguidades, não há aqui duplo sentido. E não estamos a falar de pão, leite ou batatas. Um agente coloca um produto não essencial á venda. Esse agente pede o que lhe apetecer pelo seu produto. Eu também acho que um Ferrari não vale 300.000€ mas e depois? Vou roubar um? Não.

Porque é que musica editada é diferente? De que forma? Seja como for uma coisa é certa, isto apenas continua porque a malta pode roubar impunemente. Como roubaria qualquer outra coisa se soubesse que não sofreria consequencias. É por isso que as multidões pilham: porque sabem que não haverá consequencias.

Outra coisa, milhares de pessoas em corroios? Essa é de rir, pelo abuso de linguagem... No máximo dos máximos 1500 e mesmo assim já estou a ver o bafo que lá passaram.

De resto, havia lá pessoas que compraram um bilhete e uma t-shirt e nunca compraram um album de Napalm Death. Será que compensa? Vai lá dizer ao Barney que nunca compraste um cd de Napalm Death mas que foste a todos os concertos em Portugal para ver o que ele te diz.

Finalmente, a historieta dos 1500 aos 10... Essa é que não tem ponta por onde pegar. Usufruis da musica de centenas de artistas, mas só dás a esmola aos 10 que tu mais gostas.

Brilhante. Os restantes, aqueles que além de não comprares o cd ainda o distribuiste, ficam com nada. Porque não agradaram ao Tárique.

A piece de resistance é esta:

"ergo: viva a "pirataria"! (que quase toda a gente pratica, sem o mínimo de problemas morais nem desrespeito pelos artistas)"

se o artista assinou pela editora para que o seu album saísse, se acordou uma percentagem sobre cada unidade vendida, onde é que a pirataria não é um desrespeito ao artista?

Opah, o anarquismo morreu no sec. XIX...

Anónimo disse...

Enquanto as editoras não conseguirem produzir música não-multiplicável é utópico exigirem um respeito pela propriedade.

É como se mulheres fazendo strip em vitrinas esperassem que quem lá passasse à frente não olhasse. Não por acaso, o strip é em recinto fechado...

Esperar que com emules e Cia uma pessoa não partilhe as músicas é perfeitamente utópico. A realidade é que quem vende tem de arranjar os meios de se fazer pagar (é ver os jogos de PS3, por exemplo, impossíveis de copiar).

Ridwan disse...

Não vou acrescentar nada á discussão(por favor ignorem):
Sou ladrão sim,não roubo para comer,mas sim para a masturbação pseudo intelectual.
http://cache01.stormap.sapo.pt/fotostore01/fotos//ac/8a/7a/2041498_GSKhH.png

Ridwan disse...

O Wyrm tem razão http://noe.futurevessel.com/flies/theylive/Picture%2010.jpg