quarta-feira, 16 de abril de 2008

Liberais Neo-Conservadores

Invasões de propriedade privada.
Expropriações.
Intervenção estatal ultra-musculada.
Imposição estatal-totalitária de moralidade.
Imiscuição estatal em negócios privados.
Ingerência na privacidade.


O post anterior dá conta de dois abomináveis casos, e a hipocrisia neoconservadora portuguesa, que tem o descaramento de se chamar liberal, não se insurge contra esta blasfémia.

Hipócritas de merda. Afinal sempre é lícito encapuzados invadirem propriedade privada. Desde que não usem rastas.

11 comentários:

Anónimo disse...

Mas eu não vi o Tarique protestar contra a invasão dos rapazes de rastas. Se aplicar o mesmo critério, então o Tarique também será "hipócrita de merda". Afinal qual é a diferença? Se é contra a invasão violenta então espero por um post seu que condene a invasão dos eufémios. Assim será consistente e superior aos hipócritas de merda (liberais-conservadores).

Anónimo disse...

Eu não sou um defensor acérrimo da propriedade privada.

Anónimo disse...

Se acha que entrar de metralhadora em punho e cara tapada dentro de uma casa onde vive uma família, algemar crianças de 10 anos, virar a casa de pantanas, e bater nos habitantes ... é equivalente a desbastar 1% de um milheiral de 100 hectares, oferecendo a mão de obra e matéria prima para o replantar,

então o Filipe é uma pessoa com valores realmente muito diferentes dos defendidos neste blogue.

Anónimo disse...

Caro Filipe. Aqui vai uma resposta mais prolongada, com um agradecimento prévio pelo seu comentário e interesse e um pedido de desculpas pela resposta inicial mais a quente.




1 Mas eu não vi o Tarique protestar contra a invasão dos rapazes de rastas.

acho que eram raparigas ...



2 Se aplicar o mesmo critério, então o Tarique também será "hipócrita de merda".

não aplico o mesmo critério.
eu não sacralizo a propriedade privada. nem sou dogmático relativamente à propriedade. a direita neo-con dita "liberal" sacraliza (diz que sacraliza).



3 Afinal qual é a diferença?

- acima de tudo, grau de violência

- grau de legitimidade da propriedade
(arrombarem a casa onde estás a dormir com a tua família é bem diferente do que espezinharem 1% de uma plantação enorme, e restituirem-te os danos)

- grau de violação de direitos humanos (enquanto no caso eufémio, apenas o ponto 2 do artigo 17 será discutível, nos casos da bófia, dos artigos 1 ao 17.)



4 Finalmente:

a única coisa que é suposto legitimizar a acção da polícia é a égide estatal. Ora na minha opinião (que neste ponto é partilhada pela maior parte dos verdadeiros libertários de direita) a égide estatal não legitimiza absolutamente nada.



Espero que tenha ficado esclarecido quanto à coerência da minha posição.
Permita-me ainda dizer-lhe que à minha posição contribuiu uma certa simpatia pelo seu campo político (penso que seja um libertário de direita), em especial a sua aversão por monopólios (principalmente o de violência, mas também os monopólios agrículas de Syngentas e Monsantos, muito apoiadas nas bengalinhas estatal).



Volte sempre.

Pedro Fontela disse...

Tárique,

Como todos estamos cansados de saber essas peças pseudo-liberais que abundam em Portugal são uma FRAUDE! São conservadores autoritários que arranjaram uma capa nova com a palavra liberalismo e um credo novo no termo "comércio livre". Curiosamente os mesmos cretinos não nos explicam como o comércio livre ainda não liberalizou países como a China no que toca aos mais básicos direitos humanos!

Anónimo disse...

Esses "liberais" não defendem o liberalismo. O liberalismo é, na blogosfera, defendido por tipos decentes como o Igor Caldeira.

Esses "liberais" dizem defender , nos dias de hoje, uma doutrina muito perto do minarquismo , porque está na moda e lhes permite atribuir a si próprios o epíteto "liberais" que rima com "liberdade" como "género humano" rima com "germano".

No entanto, esses mesmo "liberais" já foram Corporativistas (quanta gente da revista atlântico não é descendente das famílias corporativas do salazarismo?) e, com a crise deste modelo económico, para lá caminham de novo.


permite-me ainda dizer-te que ,apesar de tudo, existem tipos libertários de direita decentes e coerentes, como o Carlos Novais do vento sueste, o Frank Zappa ou o próprio Ron Paul. Ser libertário de direita coerente é, neste momento, apontar baterias ao imperialismo, complexo militar industrial, corporativismo da Monsanto, Halliburton etc. : essas sim, pela sua gravidade, deveriam ser as preocupações de um libertário de direita, e não o hectar de milho do vizinho do meu avô.

Anónimo disse...

Caro tarique,

Só respondo agora pois só agora vi a sua resposta.

Eu não digo que os lib-conservadores não sejam "hipócritas de merda" (prefiro pensar que são inconscientes da sua incoerência). O que penso é que o Tarique também incorre no mesmo tipo de incoerência. Não "sacraliza" a propriedade privada, isto é, nuns casos que lhe são mais simpáticos defende-a (guerras, expropriações injustas, etc), noutros é-lhe indiferente a sua violação (eufémios, p.ex.).

Anónimo disse...

Em todo o caso, eu acho que o tarique não foi muito justo. Dentro dos grupos visíveis no debate público, os lib-conservadores são daqueles que menos costumam defender a intervenção do estado (isto comparado com a esquerda que é bem mais estatista, esquerda essa que o Tarique costuma criticar). Na verdade, acho que se tem visto alguma evolução (positiva) na direita portuguesa.

Sobre o último comentário seu:

Não vejo onde estão as afinidades "liberais" entre o Igor Caldeira (apoiante de H.Clinton, socialista, jacobino, and so on) e "libertários de direita" como o Ron Paul. Desculpe, mas acho que estão no extremo oposto.

Anónimo disse...

"Esses "liberais" não defendem o liberalismo. O liberalismo é, na blogosfera, defendido por tipos decentes como o Igor Caldeira."

Se tiver disponibilidade, podia mostrar-me exemplos dessa defesa? Obrigado.

Anónimo disse...


Não vejo onde estão as afinidades "liberais" entre o Igor Caldeira (apoiante de H.Clinton, socialista, jacobino, and so on) e "libertários de direita" como o Ron Paul. Desculpe, mas acho que estão no extremo oposto.


Concordo que não existem grandes afinidades liberais. No entanto não os poria em extremos opostos.

O Igor, e o partido democrata americano são liberais. No political compass encontram-se a nordeste. O Ron Paul encontra-se numa latitude um pouco a sul (no campo social) mas à direita no campo económico. Ou seja, também a nordeste.


... a Hillary é chamada liberal tanto pelos seus detractores como pelos seus companheiros.
Pelo que leio do Igor no seu blogue e no MLS , parece-me muito perto do que defendem os partido amarelos na alemanha e no Reino Unido.

portanto quando usei o designativo "liberais" estava a referir-me a gente que acredita que o Ser Humano é dotado de razão, consciência e responsabilidade e que a intervenção do Estado deve ser efectuada apenas em pontos fundamentais e com ajustes mínimos, que conduzam a sociedade a uma existência pacífica e sustentável.
e que recuse a ideia
de uma sociedade baseada na tradição e na moral, com leis para as defender que limitam fortemente as liberdades individuais.


Eclareço no entanto que não foi minha intenção fazer os dois movimentos passarem por semelhantes.

Neste ponto, a classificação política dos Lib-Dems , dou-lhe a razão de barato, não é discussão que me interesse por aí além.


____________________________

O que penso é que o Tarique também incorre no mesmo tipo de incoerência. Não "sacraliza" a propriedade privada, isto é, nuns casos que lhe são mais simpáticos defende-a (guerras, expropriações injustas, etc), noutros é-lhe indiferente a sua violação (eufémios, p.ex.).


Eu entendi a sua crítica, mas não penso que esteja a incorrer numa incoerência. Relativamente à propriedade, acho que há casos e casos, graus de violência e graus de violência, graus e graus de legitimidade da posse de propriedade privada.

Se quer que, por justiça, lhe defina a minha bitola, as "causas porque simpatizo" são as dois mais fracos sob os mais fortes. Aí está a linha que assegura a minha coerência na análise destes dois casos.


Já agora, permita-lhe dizer-me que o que me afasta mais de si , do Carlos Novais e do Ron Paul, (assumindo que são "libertarians") é a falta do ênfase na empatia, compaixão e defesa dos interesses dos mais fracos no vosso discurso.

_______________________________

Dentro dos grupos visíveis no debate público, os lib-conservadores são daqueles que menos costumam defender a intervenção do estado


é mesmo por gritarem "estalinismo" por causa do salário mínimo e da escola pública que me faz especial confusão não gritarem "estalinismo" nos casos de violentas repressões policiais.

Quero dizer, confusão até não faz, porque na minha opinião a grande parte dos lib-cons portugueses são só cons transvestidos, que saltarão para o corporativismo sem qualquer problema.



a esquerda moderna estatista, por outro lado, tem sido contra a intervenção estatal mais musculada (o site do bloco de esquerda linka-me o post anterior) , contra a guerra, etc.

Interessa-me mais combater os mecanismos opressores do estado do que os "maternalistas".

__________________________________


O maior pecado da esquerda moderna é na minha opinião atacar o liberalismo como um mal em si, e esquecer-se que o corporativismo é igualmente mau.


Estava a lembrar-me, por exemplo , do caso da ditadura do automóvel vigente em Portugal, em que a conivência entre a esquerda e a direita é total. À boa maneira keynesiana o estado constrói as estradas, os impostos pagam a manutenção das estradas, o estado protege (do vandalismo, por exemplo) os carros estacionados (e os mal estacionados) etc.
Estava a pensar no Paulo Portas (que acho que é apoiado pela malta da atlântico) que se fartou de usar o estado (submarinos, c-130's, restauro do forte s.juliao da barra).


O maior pecado da minha esquerda anti-autoritária ... vou escrever esta noite ou amanhã um post sobre ele :)




desculpe lá o texto pouco estruturado. fui escrevendo o que me veio à cabeça

Anónimo disse...

Obrigado pela resposta.

Li tudo mas vou resumir o meu argumento num dos pontos:

«a esquerda moderna estatista, por outro lado, tem sido contra a intervenção estatal mais musculada (o site do bloco de esquerda linka-me o post anterior) , contra a guerra, etc.

Interessa-me mais combater os mecanismos opressores do estado do que os "maternalistas".»

Eu critico que haja tamanhas preocupações com opressões que são inexistentes em Portugal. Não concordo que seja liberal quem protesta contra guerras que praticamente não nos atingem e se ignore o saque do estado às pessoas, a ditadura moral que a máquina parlamentar vai impondo e todo o tipo de abusos que todos os dias nos aparecem pela frente.

«Já agora, permita-lhe dizer-me que o que me afasta mais de si , do Carlos Novais e do Ron Paul, (assumindo que são "libertarians") é a falta do ênfase na empatia, compaixão e defesa dos interesses dos mais fracos no vosso discurso.»

Acho que a maioria dos "libertarians" desiste disso por achar tal enfâse inútil, preferindo apontar as soluções certas. E, repare, eu não vejo o que há de liberal em fazer a apologia da solidariedade (nem a sua crítica). Todos somos livres de amar/ajudar os outros. Mas estávamos a discutir quem são os "verdadeiros" liberais. Voltando ao ponto, eu também penso que a maioria dos "libertarians" tem mesmo preocupações com a pobreza (a sério que acho). Penso que prefeririam viver num país onde todos fossem mais ricos do que num onde os pobres não enriqueçam.

Também não há acento na "empatia" por entenderem (falo do que tenho lido) que a liberdade é precisamente o direito de não se ter empatia pelo vizinho, caso não exista já à partida (exigir empatia de X por ciganos é um óptimo exemplo disso).


Um último ponto (era para ser só um, reparou..):
Eu gostava que fosse possível um inquérito sobre o património dos bloggers/comentadores que se dizem de esquerda e que dizem ter "preocupações com os mais fracos". Aposto que a maioria é mais rica que a maioria dos bloggers/comentadores de "direita" e/ou liberais. Se concorda comigo, isso não o faz pensar um pouco sobre a sua ideia (de que os liberais não gostam dos pobres, para ser breve)?