segunda-feira, 17 de março de 2008

Ainda sobre propriedade

Imagine:

Desde que se lembra habita num espaço alugado. Desde sempre usufruiu dele através de um acordo de renda com o proprietário, que gostava de o ter como inquilino e sempre renovara o contrato.

Um dia dizem-lhe que, sem o conhecimento do senhorio* com o qual tinha o acordo, o Estado decide oferecer a propriedade a outro dono.

Para mais, o Estado dá "legitimidade" ao novo dono para o expulsar. Pior, não lhe dá só "legitimidade", dá-lhe os meios para o fazer! O Estado incumbe-se da tarefa e com violência corre-o a si e à sua família à pancada da casa que habita há 165 anos.



A juntar a isto tudo, imagine que os que defendem esta acção se auto-denominam liberais, dizem-lhe que são por um Estado mínimo, e chamam-lhe a si ocupador e invasor.

*esclarecimento: é a minha interpretação disto

5 comentários:

Tárique disse...

... e por cima ainda dizem que a promoção cultural deve caber à sociedade civil.

Miguel Madeira disse...

"Um dia dizem-lhe que, sem o conhecimento do senhorio com o qual tinha o acordo, o Estado decide oferecer a propriedade a outro dono."

O que se passou, exactamente?

Anónimo disse...

O dono faleceu. O Estado ofereceu a propriedade aos herdeiros, que tudo têm feito para expulsar o Grémio do Rossio.

Filipe Moura disse...

Esse é um caso diferente. Mas não há volta a dar-lhe: eu sou contra o aluguer de habitação.

Anónimo disse...

Filipe, eu também. Sou, por princípio, contra alguém poder ganhar por "ter" e não por "fazer".

Mas dizem-me que há argumentos utilitaristas contra isto, que a coisa é complicada ...

... o que até aceito, mas, se o princípio faz sentido de um ponto de vista ético-moral, então devia tentar-se atingi-lo ...