Imagine:
Desde que se lembra habita num espaço alugado. Desde sempre usufruiu dele através de um acordo de renda com o proprietário, que gostava de o ter como inquilino e sempre renovara o contrato.
Um dia dizem-lhe que, sem o conhecimento do senhorio* com o qual tinha o acordo, o Estado decide oferecer a propriedade a outro dono.
Para mais, o Estado dá "legitimidade" ao novo dono para o expulsar. Pior, não lhe dá só "legitimidade", dá-lhe os meios para o fazer! O Estado incumbe-se da tarefa e com violência corre-o a si e à sua família à pancada da casa que habita há 165 anos.
A juntar a isto tudo, imagine que os que defendem esta acção se auto-denominam liberais, dizem-lhe que são por um Estado mínimo, e chamam-lhe a si ocupador e invasor.
*esclarecimento: é a minha interpretação disto
segunda-feira, 17 de março de 2008
Ainda sobre propriedade
Etiquetas:
propriedade
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5 comentários:
... e por cima ainda dizem que a promoção cultural deve caber à sociedade civil.
"Um dia dizem-lhe que, sem o conhecimento do senhorio com o qual tinha o acordo, o Estado decide oferecer a propriedade a outro dono."
O que se passou, exactamente?
O dono faleceu. O Estado ofereceu a propriedade aos herdeiros, que tudo têm feito para expulsar o Grémio do Rossio.
Esse é um caso diferente. Mas não há volta a dar-lhe: eu sou contra o aluguer de habitação.
Filipe, eu também. Sou, por princípio, contra alguém poder ganhar por "ter" e não por "fazer".
Mas dizem-me que há argumentos utilitaristas contra isto, que a coisa é complicada ...
... o que até aceito, mas, se o princípio faz sentido de um ponto de vista ético-moral, então devia tentar-se atingi-lo ...
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